O Oratório barroco: Alessandro Stradella (1643-1682)
1. O compositor
1.1. Vida
Alessandro Stradella (1643-1682) foi um renomado compositor italiano do século XVII. Entretanto, poucos e imprecisos são seus dados biográficos, ficando muita informação próxima do lendário. Sabe-se, contudo, que estudou em Roma com Ercole Bernabei (1622-1687) e que se tornou um expoente da escola Romana, servindo a patronos ilustres: Rainha Cristina da Suécia, família Colonna, Flavio Orsini e Pamphilj. Em 1677 deixa Roma e viaja a Turim, passando por Veneza e Gênova, onde foi assassinado. Aparentemente, o crime foi resultado de uma de suas numerosas aventuras com mulheres. [1]
1.2. Obra
Stradella escreveu óperas, tais como Il Corispero, Il Floridoro, Orazio, Il Trespolo tutore e La forza dell’amor paterno. Também produziu música vocal e instrumental teatral e camerística, música sacra e ao menos sete oratórios, seis dos quais ainda sobreviveram: (1) Ester, liberatrice del popolo ebreo; (2) San Giovanni Battista; (3) San Giovanni Chrisostomo; (4) Santa Edita, vergine e monaca, regina d’Inghilterra; (5) Santa Pelagia; e (6) Susanna. [2]
As composições de Stradella se conservam em vários locais, tais como o Arquivo do Conservatório de Nápoles, o Museu Britânico de Londres, a Biblioteca de Oxford, a Biblioteca do Conservatório de Paris e a Biblioteca Palatina de Modena. Charles Burney (1726-1814) já no século XVIII dizia que as obras de Stradella “são superiores a todas as do século passado [séc. XVII], com exceção das de Carissimi, e talvez, se tivesse atingido uma idade avançada, não teria sido inferior a este músico.” [3]
Há uma célebre aria di chiesa atribuída a Stradella, Pietà Signore, comumente executada por grandes cantores. Abaixo indico o trecho de um concerto em que o tenor italiano Mario del Monaco (1915-1982) a canta:
1.3. Oratórios
“Um exemplo mais típico do desenvolvimento do Oratório na Itália são as composições de Alessandro Stradella, que, pese seus êxitos como compositor de ópera, considerava seu oratório ‘San Giovanni Battista’ como sua obra-prima. Stradella escreveu suas melhores obras em Veneza, e a grandeza de seus Oratórios – além da hábil construção e infalível manufatura – está na potência dramática e na destacada caracterização operística dos personagens. As melodias de Stradella, ricas e coloridas, dão lugar aos experimentos formais mais atrevidos.” [4]
Dos oratórios compostos por Stradella, tem-se informações sobre datas e lugares de apenas três deles: um perdido (apresentado em 1667 no Oratorio do Crocifisso), San Giovanni Battista (apresentado em 1675 no Oratório da Igreja de San Giovanni dei Fiorentini, Roma) e Susanna (apresentado em 1681 no Oratório de San Carlo, em Modena). Os demais oratórios provavelmente foram destinados a apresentações em Roma entre os anos 1660 e 70.
Todos os seis oratórios são em Italiano, três têm temas bíblicos e três são não-bíblicos e hagiográficos. As seis obras são divididas em duas partes, requerem cinco cantores e fazem pouco uso de coro. Apenas um deles termina com coro, enquanto que os demais terminam com recitativos, árias ou duetos. Três oratórios empregam testo (narrador).
A instrumentação varia bastante entre os seis oratórios. Em um deles indica-se apenas baixo contínuo, enquanto que em outros quatro emprega-se baixo contínuo com pequeno conjunto instrumental. Em San Giovanni Battista utiliza-se maior conjunto de cordas, dividido em concertino e concerto grosso. [5]
2. O Oratório “San Giovanni Battista“
“Uma obra famosa em seu tempo, ‘San Giovanni Battista’ está bem acima dos outros oratórios conhecidos de Stradella e seus contemporâneos em significado histórico e, possivelmente, em valor musical. Muito diferente do ‘Jephte’ de Carissimi de um quarto de século antes, ‘San Giovanni Battista’, no entanto, merece um lugar ao lado desta obra como uma obra-prima notável da literatura oratória do século XVII.” [6]
2.1. Contexto
O Oratório San Giovanni Battista foi estreado em uma série de quatorze oratórios promovidos pela sociedade de nobres florentinos em Roma, por ocasião da celebração do Ano Santo de 1675. Trata-se de uma obra de grande importância musical e histórica, grandemente louvada pelos contemporâneos e pelos sucessores de Stradella. Além disso, consta em grande número de cópias manuscritas do séculos XVII e XVIII.
O libreto é de Abbate Ansaldi, sendo levemente baseado no Novo Testamento, no trecho que trata da prisão e da morte de São João Batista. O conflito central no enredo é entre João (Contralto, castrato) e Herodes (Baixo); o primeiro sendo auxiliado pelo coro de Discípulos (STB, SSATB); o segundo, pelo Conselheiro (Tenor), por Herodíades (Soprano), a Filha de Herodíades [tradicionalmente dita Salomé] (Soprano) e um coro anônimo (SSTB), que é a turba de espectadores na corte de Herodes. Além do conflito entre João e Herodes, há também a oposição de personalidade entre Herodes (indeciso e torturado) e a Filha (cruel). [7]
2.2. Sinopse
O Oratório se divide em duas partes. A Parte 1 inicia-se com uma cena pastoral em que João Batista se despede da floresta em que vivia isolado, em união com Deus. Seus discípulos descobrem que João pretende ir à corte do Rei Herodes, pedem que ele fique, mas ele corajosamente afirma que foi escolhido por Deus para tal missão. Chegando à corte, João interrompe as festividades que lá ocorriam e, como um mensageiro de Deus, exige que Herodes desista da esposa de seu irmão. Herodes, irado e instigado pelos que o cercam, manda João à prisão. Finaliza-se essa primeira parte com um dueto de Herodes e a Filha, no qual alegram-se pela prisão do Batista.
A Parte 2 apresenta a festa de aniversário de Herodes, na qual ocorre a famosa dança de Salomé em uma ária cantada pela Filha. O Rei se encanta e promete dar a ela o que ela pedir. Aconselhada por Herodíades, sua mãe, a Filha pede a morte de João. Na prisão, João Batista reprova a alegria mundana da corte. Herodes, angustiado, cede ao pedido da Filha, João espera sua morte e a felicidade de sua alma em contemplar o Criador. Há um dueto entre João e a Filha, no qual ambos incitam os servos a cumprirem seu dever de executá-lo. Depois da morte de João, a Filha canta uma ária de alegria, comemorando sua vitória. O Oratório se encerra com um dueto entre Herodes e a Filha: ele, cheio de tormento; ela, cheia de alegria. Finaliza-se com uma mesma pergunta feita pelos dois personagens acerca de seus próprios sentimentos: “E por que, diga-me, por que?”. [8]
2.3. A música
San Giovanni Non temo le procelle, il mar non curo, perché al naviglio mio serve di scorta e Cinosura Iddio. Soffin pur rabbiosi fremiti d’Aquiloni crudelissimi, la mia fé trionferà. Strida il mar con urli e gemiti, anco a’ flutti severissimi L’alma mia resisterà. | São João Não temo a tempestade, o mar não me preocupa, porque ao meu navio o próprio Deus guarda e guia. Que os mais fortes ventos do norte soprem furiosos, minha fé triunfará. Que o mar quebre com gritos e gemidos, mesmo contra as ondas mais severas minha alma permanecerá firme. |
Além das suas qualidades dramáticas, o Oratório San Giovanni Battista é também historicamente notável pela sua instrumentação. É uma das poucas composições da época que demonstram o uso de instrumentação de concerto grosso [9] antes dos famosos concertos de Arcangelo Corelli (1653-1713), possivelmente representando uma tradição romana de acompanhamento vocal que antecede os concertos de Corelli em pelo menos quinze anos [10]. A obra foi composta para cinco cantores solistas (SSATB) e sete partes de cordas, incluindo duas para contínuo. As cordas se dividem em um concertino para dois violinos e um instrumento baixo (provavelmente um violoncelo) e um concerto grosso de quatro partes não especificadas (violino, duas violas e o baixo para violoncelo, contrabaixo ou ambos).
O Oratório contém quatorze árias e há uma grande variedade na instrumentação delas. Seis delas são acompanhadas somente por baixo contínuo; duas, somente por concertino; quatro, somente por concerto grosso; e duas árias apresentam concertino com concerto grosso. O grupo concertino geralmente acompanha a linha vocal de modo contínuo, enquanto que o concerto grosso apenas intercala frases da parte vocal e serve como introdução/conclusão. A sinfonia de abertura é escrita somente para concerto grosso. [11]
Muito do efeito musical e dramático de San Giovanni Battista se deve ao interesse melódico dos recitativos e das misturas livres de recitativo, arioso e ária. A seguir indico alguns exemplos musicais com a gravação e respectiva partitura do trecho. [12]
2.3.1. Exemplo 01
Nº 11 do libreto. O Conselheiro de Herodes (Tenor) induz o Rei a promover um período de descanso e de festividades na corte. A passagem começa com recitativo sobre baixo movido lentamente (compassos 1 a 4), torna-se um arioso com uso de sequências e pequenos melismas (compassos 5 a 8) e move-se para uma seção de dezenove compassos em estilo de ária (compasso 12). De modo geral, os trechos em recitativo ou recitativo/arioso/ária nesse Oratório são curtos.
2.3.2. Exemplo 2
Nº 30 do libreto. A Filha aproxima-se de Herodes e canta um recitativo sobre nota pedal com um longo melisma (compassos 3-6) sobre a palavra lusinghiero. Seguem-se alguns compassos em estilo de ária (compassos 7-12). No mesmo diálogo, há uma breve passagem em arioso de Herodes, expressão de sua angústia, com a presença de figuras músico-retóricas: cromatismo no baixo no primeiro Ahi, troppo, ahi; salto de sexta descendente para uma dissonância (Lá sobre pedal de Si bemol) no segundo ahi troppo, e sequência descendente quando ele pergunta à Filha a razão de seu pedido (compasso 5-7).
2.3.3. Exemplos 03 a 05
Um dos aspectos importantes desse Oratório é a caracterização dos personagens nas árias. A segunda das quatro árias de João, Soffin pur rabbiosi fremiti (Nº 4 do libreto) mostra no texto e na música certo triunfo de sua fé sobre a adversidade. Tanto concertino como concerto grosso alternam-se e a linha vocal se move em padrão silábico com rápidas notas e melismas ocasionais para expressão do texto (Exemplo 03). Nas outras árias de João expressa-se a calma e a serenidade otimista de seu misticismo nos textos e no estilo bel canto. Em Se pegno gradito (Nº 19 do libreto), por exemplo, sugere-se ritmo de sarabanda (Exemplo 4).
Por outro lado, as três árias de Herodes revelam poder, ira e sede de vingança. Como exemplo, a Ária Tuonerà tra mille turbini (Nº 16 do libreto), apresenta estilo de fanfarra e é acompanhada por concertino e concerto grosso. (Exemplo 5).
2.3.4. Exemplos 06 a 08
A Filha [Salomé] canta cinco árias ao longo do Oratório, sendo a maioria em estilo dançante leve e alegre, refletindo sua natureza superficial. A única exceção a tal caráter é Queste lagrime (Nº 33 do libreto), em estilo bel canto, momento em que a personagem está em lágrimas a pedir para Herodes a morte de João (Exemplo 6). A maioria das árias dançantes empregam padrões rítmicos repetidos, tal como Vaghe Ninfe (Nº 24 do libreto, abertura da Parte 2) (Exemplo 7). Geralmente não se consegue identificar o tipo de cada dança, mas uma delas, Non fia ver (Nº 12 do libreto), é uma gavota (Exemplo 8).
2.3.5. Árias e conjuntos vocais
Das árias do Oratório, sete usam claro motto (breve frase ou motivo recorrente em vários pontos de uma obra) para o início. Três árias são unificadas por um padrão de baixo ostinato livre. As árias variam em termos de extensão entre quarenta e cento e cinquenta compassos. Quanto à forma musical das árias, pode-se dizer que a ABB’ é a mais frequente. Outras árias são livres, quatro delas são estróficas e uma delas (Io per me, João) é na forma ABA’. Não há ária em forma da capo.
No Oratório há apenas quatro breves trechos de Coro, todos na Parte 1. Ele estão agrupados em dois pares, com os coros de cada parte cantando textos parecidos e com semelhança de material melódico. O primeiro par (STB e SSATB) começa com Dove, Battista, cantado pelos discípulos de João. O segundo par, cantado pela turba na corte de Herodes, começa com S’uccida il reo. Provavelmente esses trechos “corais” eram cantados pelos próprios solistas, prática usual naquela época.
Além desses pequenos trechos corais, há um trio e quatro duetos em San Giovanni Battista. O dueto Nel seren (Nº 31 do libreto), entre Herodes e a Filha, está especialmente presente em antigas antologias musicais dos séculos XVII e XVIII. Os duetos mais longos são aqueles entre Herodes e a Filha no fechamento de cada uma das duas Partes. O que encerra a Parte 2, e, portanto, conclui o Oratório, tem a particularidade de representar dois afetos contrastantes (alegria da Filha – ritmo dançante; e angústia de Herodes – notas longas). (Exemplo 9) Há ainda nesse dueto a curiosidade de que ele termina abruptamente na dominante da tonalidade, refletindo musicalmente a pergunta “E perchè?”.
3. Tradução do libreto
Indico a seguir, como fechamento do presente artigo, uma tradução minha para o libreto completo do Oratório San Giovanni Battista de Stradella. Para apreciação de óperas e oratórios é conveniente ter o libreto em mãos.
Em um próximo artigo tratarei dos oratórios de Alessandro Scarlatti (1660-1725) e de Antonio Vivaldi (1678-1741).
Nos cum prole pia – benedicat Virgo Maria.
PRIMA PARTE 1. Sinfonia 2. San Giovanni Amiche selve, addio, graditi alberghi di tranquilla quiete, ove del gioir mio l’ore trassi più liete, disgiunto da me, nonché dal mondo, sol per unirmi al Ciel vissi giocondo. Deste un tempo a me ricetto, selve care ed innocenti, ed in mezzo a’ miei tormenti scene apriste di diletto. Selve beate, addio, Da voi partire omai mi sia permesso, già che altrove mi guida il Cielo istesso. | PRIMEIRA PARTE 1. Sinfonia 2. São João Bosque amigo, adeus, grato abrigo de um tranquilo repouso, onde de minha alegria tive as horas mais felizes, onde, separado de mim mesmo e do mundo, para me unir ao Céu eu vivi sozinho com alegria. Por um tempo me abrigaste, querida e inocente floresta, e no meio dos meus tormentos revelaste cenas de deleite. Bosques benditos, adeus, Permiti que eu vos deixe agora, já que o próprio Céu me guia para outro lugar. |
3. Coro di Discepoli Dove Battista, dove, dove a noi ti rapisce invida sorte? San Giovanni Alla Corte, alla Corte. Uno del Coro Ferma, deh ferma il piede, e con il piede anco il pensiero arresta: ferma, che non conviene a chi si trova d’innocenza in porto cercar procelle ove rimanghi assorto. San Giovanni Non temo le procelle, il mar non curo, perché al naviglio mio serve di scorta e Cinosura Iddio. | 3. Coro dos Discípulos Para onde, para onde, Para onde o destino cruel te leva de nós? São João À Corte, à Corte. Alguém do Coro Pára, oh, pára os teus passos, e com teus passos, pára também teus pensamentos: pára, pois não convém àquele que está no porto da inocência que procure tempestades que possam oprimi-lo. São João Não temo a tempestade, o mar não me preocupa, porque ao meu navio o próprio Deus guarda e guia. |
4. Soffin pur rabbiosi fremiti d’Aquiloni crudelissimi, la mia fé trionferà. Strida il mar con urli e gemiti, anco a’ flutti severissimi L’alma mia resisterà. | 4. Que os mais fortes ventos do norte soprem furiosos, minha fé triunfará. Que o mar quebre com gritos e gemidos, mesmo contra as ondas mais severas minha alma permanecerá firme. |
5. Restate, sì, restate, o miei compagni; a rintuzzare il telo dell’altrui fallo oggi m’elesse il Cielo. | 5. Fiquem, sim, fiquem, meus companheiros; para corrigir a culpa de outrem hoje me escolheu o Céu. |
6. Coro Dove, Battista, dove? Ahi, che dove sol regna inganno, e frode Il favellar di verità non s’ode. | 6. Coro Aonde, Batista, aonde? Ah, lá onde só reina engano e fraude palavras de verdade jamais são ouvidas. |
7. Consigliero Invitto Erode, che sull’ampia fronte cingi il diadema augusto di magnanime cure più che di gemme e di tesori onusto, tempo ben è che rallentando il morso ai pensieri molesti lo spirto affaticato avvivi, e desti; deponi, omai deponi la vasta mole de’ pesanti affanni, e a te sollievo, e a noi conforto apporta: troppo il viver del Prence al regno importa. | 7. Conselheiro Invicto Herodes, cuja ampla fronte carrega a augusta coroa adornada mais com magnanimidade do que com jóias e tesouros, é chegada a hora de que, aliviando a dor dos pensamentos molestos, o espírito fatigado reviva e desperte; deponha, agora deponha a vasta carga de pesados fardos, e a ti alívio e a nós conforto isso traga: muito importa ao reino a vida do Príncipe. |
8. Erodiade la Figlia Volin’ pur lontan dal sen quegl’affanni ch’opprimono il cor, in diletto si muti il dolor, in ambrosia si cangi il velen. Deh, ritorni con lieto seren sulle labbra il riso gentil, deh, giocondo s’en rieda l’april, sulla fronte lampeggi un balen. | 8. Salomé Voem para longe de tua mente as aflições que te oprimem o coração, em prazer se mude a dor, o veneno se mude em ambrosia. Ah, que retorne com feliz serenidade o sorriso gentil a teus lábios, Ah, que Abril retorne jubiloso e brilhe intensamente em tua fronte. |
9. Erodiade la Madre Sì, sì, de’ tuoi devoti, d’Erodiade tua seconda i voti. | 9. Herodíades Ah, sim, dos que te amam, de Herodíades cumpra os votos. |
10. Consigliero Anco in cielo il biondo auriga dopo aver recato il giorno si raggira d’ogn’ intorno e a pro nostro s’affatiga. | 10. Conselheiro Mesmo o dourado sol depois de ter trazido o dia se irradia por toda parte e por nós se fadiga. |
11. Ma poi, lasciando dell’empiree strade lo stellato sentiero, prende in seno del mar dolce riposo. Prendi anco tu, Signor, ch’al mondo imperi, norma dal re degli astri; errar non puoi, s’il Ciel serve d’esempio a’ passi tuoi. | 11. Mas então, deixando o percurso celeste o caminho estrelado ele encontra no mar doce repouso. Assim também, senhor que ao mundo impera, toma o exemplo do rei dos astros; errar não pode se o Céu serve de exemplo a teus passos. |
12. Erodiade la Figlia Sorde dive, che a’ mortali l’aureo stame ognor tessete, sospendete l’atre forbici fatali, acciò se’l vostro nume colla mia genitrice umile invoco, duri più la cagion del mio bel foco. Non fi a ver che mai si sciolga così dolce servitù, né che altrove il cor si volga e ’l mio re non ami più. Scocchi pur novello strale quel desio che ’l sen m’aprì; spero balsamo vitale dalla man che mi ferì. | 12. Salomé Ó surdas deusas, que aos mortais teceis o fio de ouro da vida, suspendei a vossa tesoura fatal, de modo que se o vosso deus com a minha humilde mãe eu invocar, a razão de meu ardor viva mais. Que jamais se desfaçam os doces laços de tão doce escravidão, que a nenhum outro coração eu me volte e deixe, assim, de amar meu rei. Que dispare uma nova flecha aquele desejo que abriu meu coração; espero um bálsamo revigorante da mão que me feriu. |
13. Erode Non più, cedo, non più! Se fu da noi diviso, torni il piacere, e si richiami il riso. S’intreccino col canto giocondissime danze, goderò lieto, e festante, se goder lieto può chi vive amante. | 13. Herodes Basta, eu me rendo, basta! Que agora retorne o prazer, se ele voou para longe de nós e agora clama pelo riso. Entrelacem-se com o canto as mais alegres danças, gozarei alegre e contente, se é possível gozar alegre quem vive amando. |
14. Erodiade la Figlia, Erodiade la Madre, Consigliero Non fi a ver che mai si sciolga da sì dolce servitù, né che l’anima si volga e ‘l mio re non ami più. | 14. Salomé, Herodíades, Conselheiro Que jamais se desfaçam os doces laços de tão doce escravidão, que sua alma nunca se volte para outro lugar, nem que meu rei não ame mais. |
15. San Giovanni Non più, ferma, non più: il privato fallire pubblico omai s’è reso, e trapassando il segno ad ira muove il Ciel, la Terra, e Dio. Erode E chi con tanto temerario ardire la sacrilega lingua empio discioglie? Chi nelle regie soglie, perché venga a turbare i sensi miei introdusse costui? Olà, chi sei? San Giovanni Ben mi ravvisi, e un tempo non furo a te discari questi liberi sensi. Ascolta il vero: Cangia del viver tuo, cangia il sentiero. Torna, Erode, in te stesso, e riconcedi All’oppressa ragion lo scettro usato. Mostra del fallo illustre ammenda, e segno, principe di te stesso, e poi del regno! Consigliero E con questo ardimento sopra l’opre reali di giudicar la potestà t’usurpi? Taci, folle! Non sai quel che seguire un regnator s’elegge sia buono o reo, sempre trapassa in legge. San Giovanni La legge appunto del Monarca eterno il vieta, onde non lice a principe mortale il trasgredirla; non lice del germano, contro i precetti d’onestà, di Dio, ritener la consorte. E tu Signor, con i decreti tuoi quel che congiunse Iddio discior non puoi. Erodiade la Figlia Alto Signor, al di cui soglio eccelso umil s’inchina ogni superba fronte, anco soffri, e permetti, ch’un vile, un folle, il regio spirto infesti, che la tua deità sprezzi, e calpesti? | 15. São João Basta, pára, não mais: a privada culpa agora se tornou pública, e ultrapassando os limites move à ira o Céu, a Terra e Deus. Herodes E quem é o imprudente que ousa dissolver a sacrílega e ímpia língua ? Quem nos limiares reais, a perturbar meus sentidos aqui o trouxe? Eia, quem és tu? São João Tu bem me reconheces, e houve um tempo em que não te foi desagradável a liberdade de minha palavra. Ouve a verdade: Muda tua vida, muda o caminho. Volta, Herodes, a ti mesmo e restaura à oprimida razão o poder que tinha. Mostra da culpa uma ilustra correção, que és primeiro príncipe de ti mesmo, e depois do reino! Conselheiro E com tal ousadia acerca dos atos do rei usurpas o poder de julgar? Cala-te, tolo! Não sabes que aquilo que um rei elege seguir, seja bom ou mau, está sempre acima da lei? São João A lei do Monarca Eterno o proíbe, portanto não é lícito a um príncipe mortal transgredi-lo; não é lícito que do irmão, contra o preceito da honestidade, de Deus, ele mantenha a esposa. E tu, senhor, com teus decretos o que Deus uniu não podes separar. Salomé Ó soberano senhor, a cujo alto trono humilha-se toda fronte orgulhosa, podes suportas e permitir, que um miserável, um louco, infeste o espírito real, que despreze e pisoteie tua divindade? |
16. Herode Tonerà tra mille turbini la mia destra potentissima! Con sentenza rigidissima scaglierà saette, e fulmini. | 16. Herodes Trovejará entre mil redemoinhos, minha poderosíssima dextra! Com sentença rigidíssima ela lançará setas e raios. |
17. Di cieco carcere nel sen profondo a’ rai del mondo si celi il misero, e se mai risero le sue follie, or dalle mie ire vendicatrici impari a piangere. | 17. Na prisão escura das profundezas, à vista do mundo se aprisione o infeliz, e se já provocaram riso as suas loucuras, que agora ele de minha ira vingativa aprenda a chorar. |
18. Coro S’uccida il reo, s’uccida! E fra dure catene del temerario ardir paghi le pene! | 18. Coro Morte ao culpado, que pereça! E que entre duras cadeias por sua temerária ousadia pague a pena! |
19. San Giovanni Se pegno gradito voi siete di morte, mille baci v’imprimo, aspre ritorte. | 19. São João Se sinal de boas vindas vós sois da morte, dou-te mil beijos, amargas correntes. |
20. Coro S’uccida il reo, s’uccida! e fra dure catene del temerario ardir paghi le pene! | 20. Coro Morte ao culpado, que pereça! E que entre duras cadeias por sua temerária ousadia pague a pena! |
21. Erode Proverà se questo scettro gl’umili innalza ed i superbi atterra; fulmina Giove in cielo, Erode in terra. | 21. Herodes Descobrirá que este cetro exalta os humildes e derruba os soberbos; Júpiter troveja no céu, Herodes na terra. |
22. Erode e Erodiade la Figlia Freni l’orgoglio chi del mio soglio l’ira schernì; provi rigori se a’ miei furori non ammutì. Farfalla ardita troppo è salita vicino a me; presso alle sfere le piume altere sì, sì, perdè. | 22. Herodes e Salomé Seja contido o orgulho daquele que do meu trono a ira zombou; prove a severidade se para minha fúria não ficou em silêncio. Audaciosa borboleta muito subiu perto de mim; perto dos astros as altivas asas sim, sim, perdeu. |
SECONDA PARTE 24. Erodiade la Figlia Vaghe Ninfe del Giordano che movete al ballo il piè, deh, mi dite se gioite dentro l’alma al par di me. Anco in ciel le stelle tremule vezzosette ognora danzano, ma per questo non avanzano il mio cor, di cui son emule. | SEGUNDA PARTE 24. Salomé Belas ninfas do Jordão que moveis os passos em dança, ah, dizei-me se vos alegrais em vossos corações como eu. Até nos céus as estrelas cintilantes estão sempre dançando, mas ainda assim não superam meu coração, com o qual competem. |
25. Consigliero Giorno sì lieto invero, in cui del tuo natale la memoria si venera ed onora, aver non potea mai più bella aurora. | 25. Conselheiro Um dia de fato feliz, no qual do teu nascimento a memória é venerada e honrada, não poderia ter amanhecer mais belo. |
26. Anco il sol fuor dell’usato cinto il crin di rai lucenti par che dica a noi viventi: “Questo è ‘l dì che Erode è nato.” | 26. Até o sol mais do que nunca coroado com raios mais brilhantes parece dizer a nós, os viventes: “Este é o dia em que Herodes nasceu.” |
27. Erode O di questi occhi miei luce più chiara, Erodiade cara, chiedi pur ciò che vuoi, che sicure saran poi le tue richieste. Erodiade la Figlia Signor, da tua bontade altro non bramo che sol benigna inverso me si giri, patrimonio che basta a miei desiri. Erode Con sì dolci maniere talmente usurpi de’ miei affetti il trono, che l’offerirti in dono stimo vil la metà anco del regno. Vanne, ritorna, e chiedi; un magnanimo re che i servi onora è superiore alle dimande ancora. San Giovanni Godete pur, godete in grembo del piacer, in braccio ai sensi, ciechi mortali, ardete a vane deità vittime e incensi. Io per me non cangerei, così ferme ho le mie voglie, l’altrui felicità con le mie doglie. Graditi tormenti, che l’alma agitate con aspro rigor, voi siete contenti, che gioia portate a questo mio cor; | 27. Herodes Oh, destes meus olhos luz mais clara, querida Herodíades [Filha], pede o que quiser, porque serão atendidos os teus desejos. Salomé Senhor, de tua bondade não desejo algo além de que ela, benevolente, se volte para mim, riqueza essa que basta a meu desejo. Herodes Com modos tão doces tu te apoderas do trono de meus afetos, de tal modo que te dar metade de meu reino estimo mesquinho. Vá, retorna e pede: um soberano magnânimo que honra os servos deve mostrar-se acima da demanda. São João Alegrai-vos, pois, alegrai-vos no colo dos prazeres, nos braços dos sentidos, cegos mortais, queimai a uma vã divindade vítimas e incensos. Eu mesmo não trocaria, tão firme é minha vontade, a felicidade alheia pela minha dor. Felizes tormentos que afligem minha alma com severo rigor, são benditos, pois alegria trazeis a este meu coração. |
28. io per me non cangerei, sì costante è il mio desio, con l’altrui libertà il carcer mio. | 28. eu mesmo não trocaria, tão firme é minha vontade, a liberdade alheia pela minha prisão. |
29. Erodiade la Madre Figlia, se un gran tesoro brami di conseguir dal regio affetto, chiedi sol di Battista il teschio altero, dono maggior di qualsivoglia impero, che se cade recisa la di lui lingua al suolo, trofeo riman delle nostre armi Erode, e chi d’un re trionfa, il regno gode. Erodiade la Figlia Regnator glorioso, di tue promesse al lusinghiero invito, vorrei che ossequioso sembrasse il mio desire, e non ardito, che con egual timore sta si se tace, oppur se parla il core. Erode Parla, parla, la fede mia t’impegno, e giuro, che dal poter d’Augusto tutto quel che domanda, impetra il giusto. | 29. Herodíades Minha filha, se um grande tesouro queres conseguir da afeição real, pede apenas a altiva cabeça do Batista, presente maior que qualquer império, pois se cair cortada sua língua ao chão, continua sendo Herodes o troféu em nossos braços, e quem triunfa de um rei, desfruta de um reino. Salomé Ó glorioso soberano, ao apelo lisonjeiro de tua promessa, desejo que respeitoso parecesse meu desejo, e não ousado, pois com igual temor fica o coração ao se calar ou ao falar. Herodes Fala, fala, eu te dou minha palavra, e juro que pelo poder de Augusto, tudo aquilo que pede, consegue o justo. |
30. Erodiade la Figlia Bramo sol che Battista … Erode … Abbi la libertà? Erodiade la Figlia Bramo, ma temo … Erode Deh, rompi ogni dimora, esponi il tuo desio. Erodiade la Figlia Bramo che mora. Erode Ahi troppo, ahi troppo brami! E a qual cagione il chiedi? Sento dure contese di pietà nel mio core. Erodiade la Figlia Egli t’offese! Erode Ma s’ei fosse innocente? Erodiade la Figlia Reo si fa chi d’un re provocò la deità. | 30. Salomé Desejo apenas aquele Batista … Herodes … que seja libertado? Salomé Desejo, mas tenho medo … Herodes Ó, não hesita, revela teu desejo. Salomé Desejo que ele morra. Herodes Ah, é demais, é demais o que desejas! E por que pedes isso? Eu sinto dura disputa de piedade em meu coração. Salomé Ele te insultou! Herodes Mas e se ele fosse inocente? Salomé Culpado se torna aquele que desafia a divindade de um rei. |
31. Erode Nel seren de’ miei contenti da più venti combattuta è la mia nave. Sdegno, amor, pietade, ed ira mi s’aggira entro il sen dolente e grave. Erodiade la Figlia Nel seren de’ tuoi contenti da più venti combattuta è la tua nave. Sdegno, amor, pietade, ed ira mal s’aggira nel tuo sen dolente e grave. | 31. Herodes Na serenidade de meu contentamento muitos ventos combatem contra meu navio. Ultraje, amor, misericórdia e ira giram dentro de meu coração pesado e triste. Salomé Na serenidade de teu contentamento muitos ventos combatem contra teu navio. Ultraje, amor, misericórdia e ira giram dentro de teu coração pesado e triste. |
32. Deh, che più tardi a consolar la speme di quest’afflitto core che più viver non può se vive ancora chi le sue grazie atterra, e discolora? Il seren de la fronte perde l’avorio e l’ostro solo in udir, solo in mirar quel mostro. | 32. Ah, por que demoras tanto a dar esperança a este aflito coração que não pode mais viver se ainda vive aquele que empalidece e enfraquece seus encantos? O brilho calmo de minha fronte perde seus tons de marfim e rosa apenas em ouvir e olhar para aquele monstro. |
33. Queste lagrime, e sospiri Che tu miri braman solo, o mio gran re, braman pur poca mercè. | 33. Essas lágrimas e suspiros que tu vês desejam apenas, ó meu grande rei, desejam apenas uma pequena recompensa. |
34. Erode In questa de’miei affetti dubbia tempesta e fi era vinse la crudeltà: Battista pera. | 34. Herodes Nesta incerta e feroz tempestade de meus afetos, vence a crueldade: que morra o Batista. |
35. Provi pur le mie vendette s’il mio nume provocò, tempra il Ciel le sue saette per punir chi l’irritò. Se talor lieta, e tranquilla spunta raggi di pietà poi di sdegno arde, e scintilla un’offesa maestà. | 35. Que ele prove, então, de minha vingança, se ousou ofender minha divindade, que o céu endureça suas setas para punir quem a irritou. Se de uma feliz e tranquila [majestade] emergem raios de piedade, então de indignação arde e brilha uma majestade ofendida. |
36. Il castigo d’un empio a frenar mille rei serve d’esempio | 36. O castigo de um ímpio para reter mil culpados serve de exemplo. |
37. San Giovanni Quando mai fia che Morte del re tiranno obbediente ai cenni scocchi contro di me l’arco fatale, e lo spirto dal carcere terreno libero voli al suo Fattore in seno? L’alma vien meno solo in pensare di vagheggiare dell’increato Sol gli eterni rai. | 37. São João Quando será que a Morte, obedecendo ao aceno do rei tirano, atirará contra mim o arco fatal, e que o espírito, liberto desta prisão terrena, voará para os braços de seu Criador? A alma desfalece só no pensamento de contemplar os raios eternos do Sol incriado. |
38. Erodiade la Figlia Morirai! Uccidetelo pur, ministri, all’opra! Sarà la tua caduta dai giusti amata e dai fellon temuta. San Giovanni Uccidetemi pur, ministri all’opra! Sarà la mia caduta amata sì, non dal mio cor temuta. | 38. Salomé Tu morrerás! Matem-no, ó servos, mãos à obra! Será tua queda amada pelos justos e temida pelos ímpios. São João Matem-me, servos, cumpram seu dever! Será minha queda de fato amada, mas não temida pelo meu coração |
39. Erodiade la Figlia Cadesti al fine, e nel tuo sangue intrisa la propria lingua altrui sarà palese che donna ancor sa vendicar l’offese. | 39. Salomé Finalmente caíste, e em teu sangue ensopada tua própria língua mostrará aos outros que uma mulher sabe vingar uma ofensa. |
40. Sù, coronatemi per la vittoria Che mi beò; Sù, circondatemi di quella gloria, che m’adornò. Sù, cure gelide, dalla mia reggia sgombrate il piè. Sù, voglie lepide, Di voi pregiasi L’alta mia fè. | 40. Vamos, coroai-me por esta vitória que me alegrou. Vamos, cercai-me dessa glória com que me adornei. Vamos, frias inquietações, de minha realeza afastai-vos. Vamos, bons desejos, minha fidelidade se orgulha de vós. |
41. Erode Chi nel comun gioire mi perturba il riposo? Qual Megera, ed Aletto mi cruccia l’alma, e mi trafigge il petto? Qual terribile tromba con eco infausta entro il mio sen rimbomba? Di Battista la voce m’empie il cor di spavento. Ahi, ch’erede del fallo è’l pentimento. | 41. Herodes Quem neste regozijo geral perturba-me o repouso? Que Megera e que Alecto [rancor e fúria] atormentam minha alma e perfuram meu coração? Que terrível trombeta com eco mortal dentro de mim ressoa? A voz do Batista enche meu coração de pavor. Ai de mim, o herdeiro da culpa é o remorso. |
42. Erodiade la Figlia Che gioire, che contento provo e sento fra di me. Più felice, più giocondo giorno il mondo non vedè. E perché, dimmi, e perché? Erode Che martire, che tormento provo e sento fra di me. Più infelice, men giocondo giorno il mondo non vedé. E perché, dimmi, e perché? * * * | 42. Salomé Que alegria, que contentamento experimento e sinto dentro de mim. Mais feliz e mais alegre dia o mundo jamais viu. E por que, diga-me, e por que? Herodes Que martírio, que tormento experimento e sinto dentro de mim. Mais infeliz e menos alegre dia o mundo jamais viu. E por que, diga-me, e por que? * * * |
Referências
GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. História da música ocidental. 4 ed. Lisboa: Gradiva, 2007.
ROBERTSON, Alec; STEVENS, Denis (Orgs.). Historia General de la Música. v. 2: Desde el Renacimiento al Barroco. Madrid: Istmo, 2000.
SCHMIDL, Carlo (Org.). Dizionario Universale dei Musicisti. Milão: Ricordi, 1887.
SMITHER, Howard E. A History of the Oratorio. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 1977. v. 1: The Oratorio in the Baroque Era: Italy, Vienna, Paris Centuries.
+LAUS DEO VIRGINIQUE MATRI+
Notas:
[1] SCHMIDL, Carlo (Org.). Dizionario Universale dei Musicisti. Milão: Ricordi, 1887. p. 473; SMITHER, Howard E. A History of the Oratorio. Chapel Hill: The University of North Carolina Press, 1977. v. 1: The Oratorio in the Baroque Era: Italy, Vienna, Paris Centuries.
[2] Ibidem. “Praticamente todos os compositores de ópera italianos do século XVII escreveram um número prodigioso de cantatas. Os mais destacados compositores de cantatas que exerceram a sua atividade entre 1650 e 1720 foram Carissimi, L. Rossi, Cesti, Legrenzi, Stradella e Alessandro Scarlatti.” (GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. História da música ocidental. 4 ed. Lisboa: Gradiva, 2007. p. 372.)
[3] SCHMIDL, 1887, p. 473.
[4] ROBERTSON, Alec; STEVENS, Denis (Orgs.). Historia General de la Música. v. 2: Desde el Renacimiento al Barroco. Madrid: Istmo, 2000. p. 331, tradução nossa.
[5] SMITHER, 1977.
[6] Ibidem, tradução nossa.
[7] Ibidem.
[8] Ibidem.
[9] Tipo de concerto instrumental comum no Barroco e caracterizado pela alternância entre um grupo maior (chamado ripieno ou concerto grosso) e um grupo menor (chamado concertino), formado, por exemplo, por dois violinos e um violoncelo.
[10] Segundo Smither, provavelmente o jovem Corelli foi um violinista na orquestra que apresentou o Oratório San Giovanni Battista em Roma.
[11] SMITHER, 1977.
[12] Para os exemplos musicais do Oratório e os respectivos apontamentos e explicações sigo SMITHER, 1977, na seção em que ele se dedica à análise de San Giovanni Battista. As gravações são do CD gravado por Les Musiciens du Louvre. A versão completa está disponível em: San Giovanni Battista. Alessandro Stradella (1644 – 1682) – YouTube.
[14] A gavota é uma dança de origem francesa, muito popular na corte dos Reis Luis XV e XVI (século XVIII). O ritmo é baseado em compasso quaternário, com tempos bem marcados e música iniciando no terceiro tempo. Geralmente a linha melódica é elegante e refinada.